SAPO COMILÃO
– Vamos brincar de contar história, filha. Eu já estou cansado de dançar.
– Vamos, então. Conta a da
árvore.
– De novo?
– É.
– Vou contar, mas de outra
árvore, certo?
– Tá bom, então conta logo.
– Era uma vez uma árvore no meio
do bosque...
– E a menina?
– Qual?
– A que vinha andando?
– Nessa história eram três. As
três meninas vinham andando e chegaram ao pé da árvore.
– Elas iam fazer um piquenique?
– Era. Aí sentaram, botaram uma
toalha, e a cesta com comida.
– E a árvore?
– Ela ficou ali só olhando. Mas
no tronco dela tinha um buraco e de dentro as meninas começaram a ouvir um
barulho esquisito. Mais ou menos assim: “BHURRRRBUL”.
– Era o lobo?
– Acho que não. O lobo estava de
férias e foi fazer uma viagem.
– Pra onde ele foi?
– Não sei. Mas me deixa
continuar... “BHURRRRBUL.” “BHURRRRBUL.”
– As meninas ficaram com medo?
– Foi. Aí elas correram pra casa.
– Mas, no outro dia, elas
voltaram.
– Voltaram e ouviram de novo:
“BHURRRRBUL”, “BHURRRRBUL”, “BHURRRRBUL”. Elas ficaram tremendo de medo, mas
dessa vez a mais corajosa disse: “Vem de dentro da árvore. E se a gente
olhasse?”. Uma respondeu: “Eu não olho, olha você”. A outra: “Eu não, vai
você!”
– E o que tinha lá dentro?
– Deixa a menina criar coragem de
olhar.
– Manda ela olhar, pai.
– Tá certo. Aí a mais corajosa
botou a cabeça, bem deee-vaaa-gaaar-ziii-nho e..
– Viu o lobo?
– Não um sapo, enorme, entalado
lá dentro de tanto comer mosquito, fazendo: “BHURRRRBUL”.
– Mas o sapo só faz “uéber”,
“uéber”, “uéber”.
– É, mas esse tinha comido
mosquito demais e estava entalado dentro da árvore sem poder sair. Ele só
conseguia fazer: “BHURRRRBUL”, “BHURRRRBUL”, “BHURRRRBUL”, “BHURRRRBUL”,
“BHURRRRBUL”.
– A menina tirou ele...
– A menina tirou ele...
– Tirou e ele foi embora pulando.
– Não disse nem obrigado?
– Ele não conseguia nem falar de
tão cheio que estava.
Edilberto C. e Júlia Santiago.
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