OLHO AZUL OLHO AMARELO
– Pai, que livro é esse?
– É um livro de estudo do papai.
– Conta ele pra mim.
– Mas não é uma história, filha. É um
livro de estudo.
– É uma história, pai. Vê o desenho? Tem
um olho azul e outro amarelo. É um menino.
– Se você quiser, a gente pode inventar.
– Então inventa!
– Está bem. Era uma vez um menino que
tinha um olho de cada cor. O direito era azul e o esquerdo era amarelo. Tinha
gente que gostava de olhar para o azul porque pensava que estava no céu.
– Mas o olho amarelo parece um gato.
– É. Por isso tinha gente que também
gostava de olhar pra ele. E pensavam que estava no sol.
– Só que a amiguinha dele gostava dos dois
olhos.
– E quem era essa amiguinha?
– Era Júlia.
– Era você?
– Não pai, era outra Júlia. Olha pra ela,
o olho dela não tem cor, e o meu é preto.
– A tá. Por isso que ela gosta de olhar o
olho do menino, não é?
– É. Todo dia ela olha pro olho do menino.
Olha no azul, olha no amarelo.
– E o que ela vê?
– O céu e o sol. Aí ela voa bem muito
dentro do olho dele.
– Como pode isso, filha? Voar dentro do
olho!
– É, mas é de brincadeirinha. Ela voa lá
dentro e ele gosta muito porque ele vê ela voando, voando, feito um passarinho.
– Essa história está ficando um pouco
maluca. E ele não voa?
– Voa sim, ele é um anjo.
– Mas um anjo serve pra ajudar. Ele ajuda
a quem?
– Ajuda a menina a voar, porque ela não
tem olho.
– Nossa, que lindo, filha! E como acaba
essa história?
– Acaba quando ela chegar bem longe. Ela
vai encontrar um olho pra ela. Aí ela pode ver tudo.
Edilberto C. e Júlia Santiago
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